domingo, 2 de março de 2008



Bom, depois de um bom tempo enrolando, aqui está Marquito. Comentando, filosofando sobre arte e o sexo dos anjos e tudo ao mesmo tempo agora.


Rubens, Apresentação

O formato "torre" da primeira foto ficou bem interessante. Concordo em certo aspecto com a Ny: não são pessoas ao todo. Mas nunca vai ser. A aparência de fragmentação é redundância, toda foto é um fragmento.
O vermelho nos pulsos ficou muito bem. Como sangue nesse organismo de muitas células.
As mãos se abraçando me agradaram. É uma foto econômica, não precisa de um corpo inteiro pra expressar um sentimento. Olhando para ela agora, vejo alegria compartilhada, sensação de pertencença a um grupo. Mas com um ressaibo, no final: como se algo em mim já advertisse sobre desastres que podem acontecer quando se confia demais, maniacamente, em algo, seja grupo, pessoa ou idéia.

Nomear esse sentimento cabe ao leitor, não ao fotógrafo. A Ny nomeou de desconforto, com isso criou uma segunda obra.
E esse comentário que faço agora é outra obra. Se é de arte, novamente cabe ao leitor. E chamar algo de arte em voz alta já é uma criação.


Rubens, 2º post (20/02/2008):

1a foto: o cromo fica rico entre a ferrugem e a fita adesiva gasta (cor de cola de sapateiro). O foco é metade da foto. Gosto da composição, é um pouco incômoda. Mais um fragmento que economiza às custas de quem vê. Quando é preciso pagar, com qualquer quantia de atenção, por uma visão, quem vê está arriscado a ver diferente de si.

A 2a foto ficou ok, o amarelo-laranja é bom. Não sei se vc tratou as cores depois de tirar, mas ficou muito bonitinho. Não me toca muito pq não sei onde é. Mas é bonita, nesse sentido "cartão postal com tempero de amarelo-laranja".

A 3a alimenta meu lado triste-bucólico. Outono é massa. Troncos e ramos entrelaçados são massa. A sensação de ser abraçado por um frio orgânico que não é violento, é só triste, mas ao mesmo tempo muito vivo.

a 4a causa uma impressão de grande angular. Não sei o que dizer sobre enquadramento e outros trecos. Me parece uma foto bem convencional, não que isso seja ruim, mas eu precisaria de alguma memória emocional atrelada a ela pra ser afetado.
Eu teria saturado um pouco mais com cores. E as pessoas ficaram muito escuras no canto direito.

Vou abreviar meus comentários pra dar conta da proposta de comentar tudo (ao mesmo tempo. Agora!)

5a: gosto de fotos através de vidros. As linhas, as texturas de pedra e os padrões geométricos dos ladrilhos. Tenho um gosto atávico pela aparência da pedra com limo.


Anny, 1º post (21/02/2008):


Ela desfocada está bem, mas ficaria melhor se a casa fosse mais visível, sem as tábuas. Um dilema, pq as tábuas estão emoldurando a menina. Mas gostei da foto. Eu também não focaria a menina.

Dá pra entender a idéia da foto das pontes, mas concordo com os comentários do Rubens. Na dúvida eu teria batido a foto de qualquer forma pra depois ver em que bicho dava, ou tentaria editar e compensar na medida do possível. Aliás, alguém aqui tem algo contra Photoshop (questões estéticas/éticas/religiosas/etc) ?

A aranha está bem, mas também acho que a bunda foi muito valorizada, eu até gosto dela mas neste caso teria preferido a cabeça e as patas e a teia. Até aí também já seria outra foto, tá certo. Mas o verde é apetitoso e a teia é agradável ao toque.


Renato, Apresentação (21/02/2008):

2a foto. Fotos de pivetes, digo, meninos de baixa renda em momentos lúdicos podem ser batidas, digo, manjadas. Talvez eu tenha me protegido demais da exposição ao Sebastião Salgado/etc. Que poderia me dessensibilizar ao tema. Mas cada um dos três "elementos" está em um momento singular. E pensando que dois estavam em movimento rápido.
Ainda esse eixo inclinado, fazendo o elemento voar. Foi uma foto muito feliz (de um momento feliz).

Deixo outros comentários e a minha apresentação decente pra outro dia, fui fazendo outras coisas enquanto escrevia e ficou muito tarde.

Um comentário:

Renato Tardivo disse...

legal, marquito! como sempre, boas palavras. muito boa tb a foto. a repetição, que na verdade não se repete, a janela, de onde se vê, o espelho, que vê e reflete; todo um universo, simples e limpo. bem marquito mesmo, rs. abração!