quarta-feira, 5 de março de 2008

Reportagem enviada pelo Marcos (Que ainda não publicou o canalha)

O QUE É UMA BOA FOTOGRAFIA? - 31/01/08

Antes de responder a essa pergunta com uma afirmação direta, existem outros questionamentos. Por que recortar um pedaço do espaço-tempo? Por que apertar o disparador da câmera? Afinal, por que fotografar? Qual a intenção do fotógrafo quando produz uma imagem? Esse é um assunto polêmico e delicado, que torna a fotografia mais interessante ainda. Em primeiro momento, deve-se separar a fotografia em dois segmentos distintos: a fotografia comercial e a fotografia autoral. A primeira limita o fotógrafo na parte da criação, uma vez que os fotógrafos publicitários, na maioria das vezes, trabalham na reprodução de layouts pré-definidos. A parte que lhes cabe é resolver tecnicamente a criação de outro profissional, o que exige muito conhecimento, habilidade e criatividade para resolver questões apresentadas pelos clientes.

Já a fotografia autoral trabalha ao redor de um discurso que o fotógrafo pretende transmitir para se comunicar com o mundo, envolvendo suas experiências particulares, seu repertório e visão. As opiniões podem ser muito divergentes.

Como nos ensina o mestre Irving Penn, a boa fotografia “É aquela em que o observador arregala os olhos”. Penn é especialista em fotografia de moda, tendo publicado mais de cem capas da revista Vogue pelo mundo. É também um especialista em still life, iluminando seus sets de forma singular, tornando-se referência para muitos aprendizes de fotografia. Ele sempre utilizou o essencial, desprezando cenários muito sofisticados. O que realmente importa é o fotografado, seja ele um modelo ou um acessório.

Na opinião de Minor White, um criativo fotógrafo americano do século XX, contemporâneo de Penn, mas com trabalho totalmente diferente, para reconhecer a boa fotografia o observador deve se fazer a pergunta: “Ela toca meu coração?”. White usou como referência para seu trabalho o livro “Zen in the Art of Archery” de Eugen Herrigel, ( lançado no Brasil como “A arte cavalheiresca do arqueiro Zen”). Adaptando os dizeres do livro para sua produção, White afirma que o fotógrafo deve limpar totalmente sua mente antes de fotografar. Esse método o levava a fotografar de forma mais criativa. Dizia ainda que se não o fizesse dessa forma, o fotógrafo apenas “Fotografa o que ama, por que ama. O que odeia, como protesto, e deixa de lado o que é indiferente ou fotografa com qualquer técnica e composição que domine”.

É importante lembrarmos que quem faz a fotografia não é a câmera e sim o olho, o que está dentro da cabeça do fotógrafo, sua habilidade criativa e técnica para transformar uma imagem construída em primeiro momento, no mundo das idéias, para posteriormente transformá-la em imagem física sob o suporte escolhido, que é a fotografia. Sempre que um fotógrafo faz uma imagem, esta tem um objetivo: atingir um observador que ao visualizar a fotografia, tem que levar em consideração as referências e repertórios desse observador. Podemos refletir sobre as características técnicas utilizadas pelo produtor da imagem, assim como a iluminação, enquadramento, regras de composição e cores. Por outro lado, podemos simplesmente analisar o que a determinada imagem significou, independente de erros técnicos. A grande verdade é que não existe fotografia certa ou errada, e sim a fotografia que atingiu seu objetivo ou não.

Dessa forma a fotografia se apresenta como um assunto democrático, subjetivo, crítico e constantemente atual.

Para conhecer mais o trabalho dos fotógrafos Irving Penn e Minor White acesse o site www.masters-of-photography.com.

Um comentário:

Renato Tardivo disse...

gosto da idéia (já vi o walter carvalho falando tb, ao comentar um trabalho seu no cinema) do olho da câmera diante da "coisa viva" que ele capta ser também coisa viva. é ele que joga aquilo tudo pra dentro e pode refletir sobre aquela realidade, aquele recorte. e insisto: no que ele mostra e no que ele oculta.
(de quem é o texto gente? onde saiu?) abs.